Pergunta:
«A utilização dos espaços públicos da cidade está condicionada pela experiência das pessoas, relacionada com o físico, o visual, a confortabilidade, a estética ou com a capacidade de usufruto precisamente desse espaço público.
De que maneira a tendência arquitetónica minimalista que vemos em praças e espaços públicos pode interferir numa redução do uso por “falta de interesse ou de interação” em relação a espaços com maior diversidade funcional, com diferentes áreas de interesse e/ou com zonas verdes bem acondicionadas?»
Luis Carballo, empresário da Taberna Moderna
Resposta:
«A “falta de interesse ou interação” por parte do cidadão em relação ao espaço público é o reflexo da “falta de interesse ou interação” do seu autor.
A tendência arquitetónica minimalista é confundida com alguma frequência com a tendência arquitetónica “facilitista”.
O minimalismo (como movimento artístico) é um tema agradavelmente controverso, pois apesar do seu nome, está assente em premissas complexas de equilíbrio geométrico e elegância de detalhe.
A falta de conhecimento de tais premissas aliada a uma corrida cega à estética contemporânea infundada, traz-nos por vezes uma ‘linguagem’ arquitectónica descaracterizada, descuidada e desinteressante, adjectivos que se espelham automaticamente no espaço público.
Na carência de um modo de expressão, o já gasto Minimalismo, é uma apropriação fácil e o insucesso na produção de espaço público não está na sua linguagem mascarada, mas na ausência da filosofia da qual é ela proveniente.
Pedro Gramaxo
(Os autores escrevem, por opção, ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa)