Comentário Luís Baptista Fernandes: "Parque dos Poetas – A cultura do planeamento"

16.10.2015

Foi inaugurado no passado mês de Julho, sem pompa mas com circunstância, a última fase do designado Parque dos Poetas.

 

Certamente influenciada pela concentração de arte pública Carla Rocha, in Oeiras em Revista, refere-se a este equipamento como sendo “ Os metros quadrados mais criativos, envolventes, bucólicos e artísticos de Portugal”.

Eu, não diria tanto, mas não deixa de ser de facto uma obra notável. E é notável desde logo pela capacidade que ficou demonstrada para a sua realização.

 

Do planeamento à conceção, financiamento e construção, nenhuma outra obra contou com o envolvimento total e incondicional de todo o universo municipal, desde políticos, técnicos, operários e jardineiros mas também o empenhamento empresarial que, ao abrigo da lei do mecenato, financiou um grande número dos conjuntos escultóricos.

 

Sem entrar em detalhe sobre o modelo e abordagem do projeto, sempre questionável em qualquer obra pública, interessa sim fixar e sublinhar aquele envolvimento como demonstrativo da vontade de fazer e, mais do que isso, saber como.

 

Mais de 20 anos passaram desde a ideia original. Ciclo pequeno para o processo de planeamento mas um grande passo para a emancipação e autonomia municipal.

 

Poetas e escultores à parte, na sua maioria já consagrados pela história de um povo e da sua cultura coletiva, ficará a homenagem anónima a tantos desconhecidos que souberam erguer este monumento.

  

Permanecerá também a aprendizagem, a cultura do planeamento, os processos, a evidência, para aqueles que não o sabem, de que a boa governança é a arte da realização.

 

 Mais do que a consagração de uma obra, o agora concluído Parque dos Poetas vale pelo que representa na essência da realização de um coletivo, ou parafraseando o escultor contemporâneo Cabrita Reis, é tão importante saber plantar uma árvore num determinado local como decidir onde colocar o primeiro traço numa tela branca.

 

Luis Baptista Fernandes, é arquitecto, pos graduação em Planeamento Regional, Instituto Superior de Agronomia de Lisboa e director do Departamento de Planeamento e Gestão Urbanística da Câmara Municipal de Oeiras

TAGS: comentário , Luís Baptista Fernandes , Parque dos Poetas , planeamento
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