A Lisboa turística já não é tão diferente de Bali, Nova Deli ou qualquer outra cidade do sul e sudeste asiático.
Da colina do castelo, ao miradouro de Santa Catarina, ao Príncipe Real e tantos outros elementos que fazem de Lisboa uma cidade única, e por isso interessante, soma-se agora o pior do turismo de massas de baixa qualidade, que uniformiza numa escala global.
Caros concidadãos, admitir ou não tuc-tuc nas nossas cidades é uma opção política e merece debate. Que cidades queremos oferecer aos nossos convidados turistas? Que mobilidade queremos desenvolver? Que utilização queremos admitir para o espaço público?
A omissão desta discussão não é mais do que um fechar de olhos perante uma nova atividade, desregulada, que não sabemos sequer se queremos ter em nossa casa. Ainda que interesse a alguém.
Porém, caro Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, caro futuro Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, acima do debate político, sobre o interesse ou não nesta atividade, está a obrigação de garantir a segurança e bem-estar dos cidadãos.
Entre várias matérias que estão por responder, a um condutor de tuc-tuc é exigida habilitação profissional nos mesmo termos que a um taxista? Um tuc-tuc tem preços afixados ou taxímetro? Os veículos são regularmente inspecionados? Como cabem num tuc-tuc 6 pessoas se num táxi, bem maior e confortável, só podem circular 4? É possível andar de tuc-tuc sem cinto de segurança?
Que o Estado não queira debater, politicamente, o interesse dos tuc-tuc, é matéria para a política, mas não se pode demitir da sua obrigação de regulador e de garante da segurança das pessoas e bens, como tem feito neste caso. Até que um dia tenhamos um acidente grave nas capas da imprensa internacional?
João Pedro Costa é o director do Jornal Arquitecturas.