João Gavião: «Passive House em Portugal – parte I»

29.07.2014

Será que faz sentido a Passive House em Portugal? Quando foi iniciado o caminho para introduzir o conceito Passive House em Portugal esta era a grande questão que surgia. Sabia-se que a Passive House é um conceito construtivo que assenta no desempenho dos edifícios e é independente da linguagem arquitectónica; sabia-se que os níveis de conforto são elevados e a qualidade do ar é fundamental; sabia-se também que o acréscimo do custo de construção é reduzido ou pode ser inexistente e que as poupanças energéticas para aquecimento e arrefecimento são extremamente elevadas (cerca de 75% em comparação com edifícios novos e de 90% em comparação com edifícios existentes) … mas a dúvida persistia.

 

Apenas ao “meter as mãos à obra” as dúvidas se dissiparam e rapidamente se conclui que a Passive House em Portugal não só funciona e faz sentido como pode ser o caminho para a resolução de muitos dos problemas que enfrentamos actualmente como a pouca qualidade do parque edificado, a dependência energética, a dificuldade de criar valor no sector da construção ou a criação de emprego.

 

A estratégia para a implementação do conceito em Portugal foi definida pela Homegrid em conjunto com o Passivhaus Institut e assentava nos seguintes pontos: 1. construir o primeiro edifício Passive House (certificado) em Portugal; 2. monitorizar o seu desempenho; 3. criar a Associação Passivhaus Portugal. A primeira Passive House certificada foi construída e o seu desempenho está a ser monitorizado em contínuo e os resultados estão a ser claramente satisfatórios. A Associação Passivhaus Portugal foi criada e tem procurado promover e disseminar a Passive House em Portugal.

 

Uma vertente crucial para a promoção e disseminação da Passive House é a formação. A formação é importante não só para dar a conhecer a norma Passive House - os seus requisitos e princípios, a sua metodologia e a sua aplicação às nossas realidades nacionais - mas também para dotar os técnicos e projectistas de ferramentas para conseguir implementar Passive Houses. Já decorreram onze edições do seminário Introdução à Norma Passive House, com a duração de 3 horas e em parceria com a Ordem dos Arquitectos, Universidades e Institutos nacionais, nas cidades de Coimbra, Lisboa, Faro, Porto, Aveiro e Guimarães com a participação total de 565 formandos.

 

Outra vertente do plano de formação Passive House é a formação oficial do Passivhaus Institut. Desde o final de 2013 que tem sido realizado o curso Certified Passive House Tradesperson com a duração de 3 dias e que permite o reconhecimento internacional. Já participaram no total 56 formandos sendo que 36 são Certified Passive House Tradesperson. Estão também agendadas para Setembro e Outubro de 2014 as duas primeiras edições do curso Certified Passive House Designer, em Coimbra e Lisboa. Este curso permite o reconhecimento internacional como Certified Passive House Designer e pretende dotar os formandos com todas as ferramentas necessárias a projectar edifícios Passive House.

 

Pretende-se com este plano de formação estabelecer uma rede de técnicos e profissionais que esteja apto a implementar soluções e projectar edifícios Passive House. Para que tal aconteça é também necessário o envolvimento de fabricantes e produtores com soluções adequadas a Passive Houses para a realidade Portuguesa.

 

(continua)

 

João Gavião é arquitecto na Homegrid e um dos fundadores da Associação Passivhaus Portugal

TAGS: Opinião , João Gavião , Passive House
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