Assiste-se hoje a alguma duplicidade na aplicação da palavra mobilidade. Não é por acaso que também já escrevi sobre este tema. No entanto a palavra mobilidade entrou no léxico corrente e é usada para além do sentido com que é entendida no âmbito da política de transportes Portuguesa e da união europeia.
É já frequente, entre nós, aparecerem estudos de tráfego rodoviário que na sua essência servem para fundamentar mais infraestrutura rodoviária de suporte de tráfego automóvel, rotulados de “Planos de Mobilidade”. Por outro lado, é também comum perceber-se alguma falta de critério na aplicação dos termos mobilidade e acessibilidade.
A acessibilidade a um determinado ponto é definida pela oferta de sistemas de transporte de diversos modos, nas suas componentes infraestrutura e serviços que nela operam, a partir de um universo de diferentes origens. A mobilidade (individual e coletiva) pode ser definida pela conjugação da acessibilidade que é proporcionada às pessoas, individual e coletivamente, assim como a mercadorias, com a condição de utilização que estas colocam em função dos seus recursos próprios.
Ou seja, está em causa a forma como as pessoas operam e usam as acessibilidades proporcionadas em cada momento e para cada deslocação, dentro de um quadro de alternativas modais possíveis.
Importante era, que toda a gente (os decisores) percebesse estas dicotomia.
Miguel Pimentel é consultor de mobilidade, Eng. Civil, Mestre em Planeamento de Transportes e Doutorando em Planeamento e Ordenamento do Território na FEUP (CITTA-Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente).